A BROMPTON WEEK – RAMIRO

Tinha acabado de conhecer o Ramiro quando lhe passei uma Brompton de demonstração para as mãos. Por cá, na Velo Culture, gostamos muito daquilo que ele tem feito com a sua Newfangle Clothing e da sua dedicação à manufactura de qualidade. O nosso pessoal ficou, por isso mesmo, muito entusiasmado com a ideia de ter o seu testemunho na “Brompton Week“. 

A nossa conversa, que começou uns dias mais tarde no seu showroom num dos edifícios mais icónicos da Sá da Bandeira e acabou num café ali perto, andou à volta da mobilidade inteligente e da forma como encaramos o consumo e os mercados em que trabalhamos. Logo no início percebemos que há várias coisas que temos em comum, incluindo curiosidades como o curso feito no mesmo sítio e praticamente ao mesmo tempo ou antepassados ligados ao mesmo clube de bola. Ambos temos um semi-assumido desajeito de mãos, mas apreciamos muito o trabalho artesanal de quem o sabe fazer bem feito.

A Newfangle é um projecto que foi sendo cozinhado. Quando acabou a faculdade, o Ramiro passou pelo departamento comercial de uma grande empresa industrial, de onde depois saltou para uma agência de marketing digital. Paralelamente, foi mantendo dois blogues sobre menswear. Foi mais ou menos aqui que as coisas começaram a ganhar forma. Primeiro a loja online Newfangle, depois a roupa com a sua marca, mais tarde a distribuição de outras marcas que a complementam na perfeição.

“O bichinho das roupas e das marcas estava sempre a roer. Decidi arriscar e arranquei com a loja online Newfangle, sempre à procura de exclusivos. Depois comecei colaborações com empresas portuguesas, o que acabou por levar ao lançamento da marca”.

Com a abertura da loja, começou a visitar as inevitáveis feiras e a sentir necessidade de ter o negócio num patamar diferente. Para isso, decidiu focar as suas energias na criação de uma agência, a Seam Wise, através da qual importa marcas que têm tudo a ver com os princípios e ética de produção que também defende para a sua marca.

“Marcas independentes como a Han Kjobenhavn, a Qwstion ou a Novesta, dão muita importância à qualidade de construção e dos materiais, ao detalhe e à origem da produção. A Novesta fabrica tudo na Europa, a Han não tudo, mas uma boa parte e a Qwstion, que é suíça, fabrica em Hong-Kong, mas respeitando o standard BSCI para as condições de trabalho e meio ambiente. A partir de 2018, o algodão utilizado pela Qwstion vai ser todo orgânico e certificado. Uma das minhas coisas favoritas que tenho aqui no showroom é este sapato Novesta que utiliza lã portuguesa e é o resultado de uma colaboração com a Universal Works .”

É ainda um nicho complicado, onde nem sempre o consumidor sabe reconhecer o valor do que marcas independentes, que assumem outro tipo de preocupações, estão a fazer. “O consumidor Português tem que evoluir, ainda está assoberbado com a facilidade e o preço inacreditável da fast-fashion. Mas, aos poucos, vai percebendo que uma camisa desenhada e feita em Portugal, com tecidos também feitos cá, tem que ter um preço diferente de uma camisa comprada numa dessas lojas e feita sabe-se lá em que condições. A qualidade é diferente, a durabilidade é incomparável e o custo social e ambiental de um produto bom e feito para durar é assombrosamente mais baixo.” Na visita ao showroom consegui perceber o grande carinho que o Ramiro tem por tudo aquilo que lá está exposto. Não são muitas coisas, é certo, mas nota-se uma coerência muito grande e uma grande dedicação e investimento nas marcas que representa. Fazer menos, para fazer melhor.

“Quem trabalha com produto sabe reconhecer o trabalho que está investido num objecto. Olha para esta mochila, para esta alça (diz ao pegar numa Qwstion). Isto tem vindo a evoluir de estação para estação, sabes? São melhorias discretas, mas que dão trabalho a pensar. Esta evolução, por acaso, também tem a ver com bicicletas e com a mudança de hábitos. Se calhar por os donos da marca utilizarem a bicicleta para se deslocarem, as mochilas são tão apropriadas para quem pedala. Com a Brompton vi logo que o espírito é o mesmo. É diferente, nota-se que tudo funciona e que há muito foco no desenvolvimento de uma coisa perfeita e funcional.”

A relação do Ramiro com a bicicleta é mais uma das histórias que começam a ser recorrentes na “A Brompton Week”. O passar dos trinta e uma lesão levaram a que  a tivesse de deixar de fazer desportos de impacto. Contudo, o desporto é um importante balanceador da vida, o escape perfeito para a ansiedade que qualquer pessoa activa se arrisca a sentir. Pensou na natação, mas acabou por optar pelo yoga, que considera ser das melhores coisas que existem. Para a sua lesão, o ciclismo é altamente recomendado e isso fê-lo pensar num outro tipo de mobilidade.

 

“Moro perto das Antas e tenho que vir para a Baixa todos os dias. Não é longe, mas acabo por pegar no carro mais vezes do que quero. Quando tenho que vir na hora de ponta, deixo o carro em casa, mas tenho que voltar muitas vezes para o apanhar, porque tenho que ir a clientes e carregar coisas para longe. Comecei a “pensar bicicleta”, muito instigado por amigos em Londres que me diziam que o que eu preciso é de uma Brompton. Foi assim que cheguei até à Velo Culture. A primeira vez que a vi achei fenomenal. Comecei logo a pensar no trajecto para vir trabalhar e nas alturas em que a posso dobrar para a meter no carro quando tenho que sair do Porto. Nesta semana, a maior parte das vezes só pedalei e gostei muito mais do que estava à espera.”

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A Brompton Week é uma experiência que estamos a fazer com alguns dos nossos clientes e amigos: passar uma semana com uma dos nossas Brompton de demonstração e depois contar como foi. Coisa simples e agradável.

The Brompton Week is an experience we are making with some of our customers and friends. They are spending a few days with one of these iconic bikes and will tell our readers how it was. Simple, fun and certainly life-changing.

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