Como é que posso explicar a sensação? Não foi a mesma coisa do que fazer o trajecto de motorizada, que o esforço físico foi o mesmo que normalmente faço a pedalar a Velha Raposa, mas como se não tivesse apanhado subidas. O que quer dizer que andei mais rápido, como se fosse tudo lisinho e sem vento. Foi com esta sensação que cheguei ao final do dia que passei com uma ACHIELLE equipada com a nova versão do Shimano STEPS.
Nesta bicicleta, o STEPS faz parelha com um cubo de oito mudanças internas Alfine Di2, permitindo uma condução completamente automática, modo que, para um rapaz habituado aos poucos suaves (mas indestrutíveis) Sturmey Archer, é algo um pouco estranho. No início da pedalada, dei por mim a mudar para o modo manual várias vezes para tentar tirar um pouco mais da bicicleta, até sossegar e decidir deixar a máquina fazer aquilo para que foi feita.
Estando formatado ou para o ciclismo de estrada, ou para o carregar dos 20 e tal quilogramas da Raposa, tenho o hábito de andar sempre a subir e descer mudanças. Nessa altura ainda não tinha assimilado uma característica importante destas e-bikes, que é a de virem com um ‘Muro’ de origem, que dá uns ares da sua graça mais ou menos aos 25 Km/H, que é quando a assistência desliga e começamos a arrastar sozinhos o peso todo. Nesta altura ou acalmas nos 25, ou então carregas tudo sozinho e aí não há grande volta a dar ou um “dar ao dedo” que acuda, pois é uma bicicleta pesada de mais para chegar a velocidades estonteantes.
No percurso de Matosinhos para a nossa Megastore do Palácio, dez ou onze quilómetros de subida ligeira, acabei por transpirar na mesma. Os 25 km/h são menos do que por vezes faço neste percurso e por isso mesmo, nas partes mais planas ou a descer, acabei por ir mais devagar do que o normal, já que a eficiência de uma bicicleta eléctrica com o motor desligado não compara nada bem com a de uma bicicleta convencional, mesmo pesando o peso dos pesadelos como a Raposa. A diferença positiva está, pois claro, nas subidas, onde consegui ganhar bastante tempo. No percurso todo apanhei três, pouco significativas. Uma em frente ao Colégio do Rosário, outra em frente ao velhinho Dallas e outra na Júlio Dinis, já a chegar à loja. Aos trinta e cinco minutos habituais rapei cinco. Nunca pior, mas nada de espectacular.
Claro que estranhei chegar à loja transpirado, o que me fez lembrar a lição que sempre dou a quem começa a pedalar: o esforço em cima de uma bicicleta é para ser doseado. Ou estamos a usar a bicicleta para nos transportarmos, ou a estamos a usar para fazer desporto. Ao tentar contrariar o “Muro”, acabei por fazer um pouco mais de desporto do que pensava que iria fazer.
Mas também aprendi uma lição, a primeira nisto das eléctricas. Se o limite do motor está nos 25 Km/h, devo manter-me a 24. Assim chegarei mais ou menos ao mesmo tempo, mas sem me cansar ou transpirar. É para isso que serve uma e-bike.
A verdade é que com a velha raposa, que anda a pão com manteiga e café com leite, às vezes penso duas vezes em pedalar se o percurso for curto e a subir, como quando vou tomar um café ali perto da Rua do Rosário, que obriga a subir uma parte da Júlio Dinis com trânsito acelerado. Com esta não, nunca é a subir, ir a pedalar é sempre a melhor opção.
Mas, a luz fez-se ao final do dia. Um ciclista em forma, fresquinho e a testar de manhã uma bicicleta eléctrica no seu percurso habitual, que, claro está, é o menos exigente possível, é batota. Uma chuvada imprevista ao final da tarde acabou por ditar um regresso diferente. Em vez de voltar pela Marginal, com uma descida a pique em D. Pedro V e uns doze quilómetros planos e, com um bocado de sorte dada a época do ano, com vento pelas costas, acabei por optar por ir pela Boavista, para estar mais perto do Metro caso viesse a ser necessário abrigo. E qual a melhor forma de chegar à Boavista sem subir muito? Sem motor é uma volta grande por Bombarda e Rosário, ou então subir o Campo Alegre até Guerra Junqueiro. Com motor é ir a direito, subindo a parede de Júlio Dinis, como se esta fosse completamente plana.
No que toca a esta Achielle, a bicicleta é muito equilibrada e bem construída. É bom quando o único ruído que se ouve no paralelo são um ou outro cabo a bater. O silêncio é impressionante. A subir a avenida da Boavista e quando ainda olhava de lado para o modo todo automático, juro que conseguia ouvir, (ou então era só a minha cabeça), uma espécie de “vuumm, vuumm e vuum” sequêncial enquanto as mudanças iam deslizando da primeira até à oitava. Lembrei-me de um amigo que, nos anos 90, tinha um Fiat Punto 1000 com seis velocidades. O carro levava uns anos a desenvolver até à sexta, mas depois não punha muita coisa cá fora. Isto não é propriamente mau, é o que é necessário para gerir o esforço e a autonomia da bateria.
Acabo por achar que isto das eléctricas é mais para quem não quer ou não pode fazer o esforço todo, do que para quem quer ir mais rápido e isso até faz sentido, afinal uma STEPS custa tanto como uma mota, mas não é uma mota. É mais lenta, mas mais segura e versátil, podendo andar por onde anda uma bicicleta “normal” e comportando-se como uma dessas.
Esta bicicleta, para além de tecnicamente muito interessante, é uma obra de arte. Já estava habituado a ter pessoas a olhar para a minha holandesa parada no semáforo, mas não estava habituado a ter tantas pessoas a fazê-lo como com esta Achielle. Toda uma nova demografia parou para a mirar, incluindo pessoal notoriamente mais velho, mais gordo ou mais endinheirado do que o que normalmente pára a olhar para a Raposa. As fotografias falam por si. É uma bicicleta muito bonita, mas com o seu toque hi-tech. É feita à mão na Bélgica, incluindo o quadro, e pode ser toda personalizada a nosso gosto, o que é o grande ponto de diferenciação de este que é um dos construtores predilectos aqui da casa.
Indo às tecnicalidades do motor, este Shimano STEPS 6100, a versão mais recente e que tive o prazer de testar, apresenta algumas melhorias relativamente à sua antiga encarnação, já de si excelente. O sistema pesa 2.88kg, menos 200 g que a versão anterior, que já era leve, o que quer dizer que a bicicleta fica com um peso mais simpático do que o normal. Mas, mais importante do que isso, a marca conseguiu reduzir em 20% o drag na pedalada, tornando não só o motor energeticamente eficiente, mas, muito importante dado o “Muro” dos 25 Km/h, reduzindo significativamente o esforço de pedalada sem assistência e aumentando bastante a autonomia da bateria.
Outro aspecto importante do STEPS, é a longevidade da bateria. A marca diz que, mesmo depois das 1000 cargas, a bateria carrega até, pelo menos, 60% da sua capacidade original sendo, neste caso, possível uma carga completa em menos de três horas.
Confesso que foi bom parar uns dias para o Natal antes de retomar o ritmo pesado, mais lento numas vezes, mais rápido noutras, mas notoriamente mais físico da velha Raposa, mas também confesso que, cada vez mais, sei que uma Achielle destas vai fazer parte do meu dia-a-dia num futuro próximo.
A bicicleta neste postal está equipada com uma bateria de 418Wh (36V, 11,6Ah) e pode ser vista e testada na nossa loja do Palácio de Cristal. Podes conhecer melhor o modelo nesta página.
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