Em época de nortadas, foram muitas as vezes as que os duendes consultaram o Windguru à espera de uma trégua. A ideia era dar uma volta até São Jacinto, comer qualquer coisa por lá e voltar depois do almoço.
Finalmente, foi encontrado um dia em que a previsão estava muito amiga, sem vento de manhã e quase nenhum de tarde. O dia ideal para pedalar para Sul e regressar a Norte durante a tarde.
O grupo desta vez não foi grande: o Miguel Teixeira na sua Titan, o Adamastor na sua Raleigh King Size, o Homem sem um nome com três letras e o Velho Lau, cada um na sua Peugeot.
O encontro foi bem pela fresquinha no lugar do costume, à porta da Megastore de Matosinhos. Meia hora depois, mais à frente, apanhámos o Homem sem um nome com três letras e o Velho Lau aproveitou para carregar o telemóvel no único café aberto na Ribeira. Isto de registar as coisas no Strava implica ter bateria e convém deixar as coisas carregadas durante a noite, que foi o que não aconteceu. Foi a primeira carga de várias, sem que a bateria tivesse durado o passeio todo, tendo o nosso duende ficado prejudicado em quarenta quilómetros na contagem final.
Continuando, atravessaram para o lado de Gaia e seguiram pela marginal até às praias e à auto-estrada para bicicletas – uma das sete maravilhas do mundo velociédico, que os gaienses vão começar agora a pagar.
A ideia de ir até Cortegaça pela praia foi arruinada pelos temporais do Inverno que mandaram o passadiço abaixo. Em Julho aquilo ainda não tinha sido composto. Apesar de serem só uns metros, se calhar também não era lá grande ideia ir por um sítio em que muito provavelmente não podem andar bicicletas.
Aproveitaram as indicações e o apoio moral de um ciclista local e rumaram até ao Parque do Buçaquinho, para a primeira paragem para café e segunda paragem para carregar o telemóvel.
A cafetaria ainda estava fechada, que o Pedro só pega às dez e ainda eram nove menos qualquer coisa. Felizmente havia uma tomada cá fora e a esplanda estava montada. Aproveitou-se assim para comer e para dar uns ternos bem dados no estrado molhado. O Teixeira aproveitou para se energizar com um pacotinho do gel dos ciclistas clássicos, que podem ver aqui em baixo na fotografia.
Entre as sandes de queijo picante com tomate seco e mostarda, um tupperware cheio arroz de cabidela e os pacotinhos de mel, lá ganharam força para o que faltava. Não é que tivessem andado muito, mas comer é sempre bom.
Sairam então do Buçaquinho e engataram pela estrada florestal até ao Furadouro – percurso lindo de morrer mas, ao que dizem, um bocado perigoso. Depois foi um instantinho até chegarem à Ria de Aveiro e mais uns quilómetros, quase sempre em reta e quase sempre a apanhar uma grande seca, até São Jacinto.
Chegados ao destino, esperavam-lhes mais sandes de queijo violento e mais surpresas em tupperware. O telefone ficou no café mais perto a meter mais um bocado de carga. Foi com com alguma lata que entraram pela reserva e foram para o parque de merendas da residência que lá há. Atrás de uma janela, estava um tipo em tronco nú a fazer ginástica, que ficou com cara de quem não estava a gostar de os ver ali.
Soube muito bem o descanso, no meio das árvores, mas foi aqui que se deu um ponto de viragem e as coisas começaram a correr menos bem.
Menos bem porquê?
Ora então, estava a duendagem estirada nos bancos do refeitório ao ar livre quando, depois de passarem pelas brasas, começaram a ouvir um “schhhhhhhhhhhhhh” muito familiar às gentes do Norte. Nem queriam acreditar no que estavam a ouvir e por isso decidiram abrir os olhos lentamente, a ver se aquilo passava.
Não passou. As folhas e os ramos lá em cima dançavam alegremente e com uma energia que só uma nortada das valentes consegue proporcionar.
Era isso que lhes esperava, nos oitenta e tal quilómetros do regresso – nortada da boa e de frente. Depois disto não há grande história – foi sempre a pedalar até casa, uns com a lágrima no canto do olho, outros com os mamilos em carne viva, outros com o telemóvel em agonia no bolso de trás do jersey.
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