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ENTREVISTA: HUGO FERRAZ, ABCOFFEE SCHOOL

Uma destas manhãs pedalei, uma vez mais, até à zona alta da cidade, para me encontrar com o Hugo Ferraz na nova escola ABCoffee, que fica paredes meias com o Bird of Passage ali na Duque de Loulé. Quem segue a gazeta sabe que vamos publicando aqui coisas que não têm uma relação directa com as bicicletas, mas que vão de encontro aos nossos interesses e são normalmente projectos de amigos e pessoas que admiramos. É o caso da ABCoffee.

A história da escola começa quando o Hugo, uma das caras do Chá das Cinco, e o Diogo, da Senzu Coffee Roasters (antiga Luso), decidiram unir esforços para criar esta que é a primeira escola do café no Porto com certificação Specialty Coffee Association (SCA). Conheceram-se no Chá das Cinco e forjou-se logo ali uma amizade alicerçada no profissionalismo e na paixão pelo café. Não há muito tempo tivemos oportunidade de receber e ouvir os dois num dos eventos organizados pela Mariamélia na nossa oficina do Palácio de Cristal.

Convictos de que o café de terceira vaga não pode ser encarado como uma moda ou passatempo, havendo muita gente e demasiado trabalho envolvidos para ser levada com ligeireza,  abriram as portas da escola em Novembro do ano passado. Para já, estão bastante satisfeitos com os resultados e receptividade, sendo já procurados por uma grande diversidade de profissionais, desde donos de cafetarias, futuros baristas e pessoal interessado na torrefacção.

“Apesar do investimento, isto foi muito descontraído. O Diogo nasceu com o café, está no café há muitos anos e para ele o projecto cresceu de uma forma muito natural.

Criar uma escola do café no Porto foi uma oportunidade. Aqui estávamos os dois, a adorar isto, a fazer coisas ligeiramente diferentes dentro da área, mas com uma grande preocupação em fazer as coisas como elas devem ser feitas e com a noção de que em Portugal ainda é necessário haver este tipo de negócio de educação. Há falta de mão de obra especializada e nós, com este tipo de conhecimento muito específico, somos uma parte pequenininha deste grande negócio que é o café.

Em Portugal há algumas escolas, mas com certificação SCA, para da ABCoffee, há a Academia do café em Lisboa e algumas associadas a marcas como a Fiama ou Nestlé. Contudo, os nossos amigos são Premier Campus da SCA.

“A formação na área do café, particularmente nesta do café de especialidade que corresponde a um produto premium, é fundamental. As pessoas não compreendem que quando estão a comprar um serviço devem confiar em quem vende, há alguma desconfiança, que só pode ser contrariada por profissionais treinados. Em Portugal já se sabe o que é um bom vinho, mas ainda não se sabe o que é um bom café. Claro que melhores especialistas fazem melhores clientes e este é o ponto de partida para educar o público. Para aqui chegar, o nosso aluno pode contar com um trabalho de grande imersão, evoluindo do centro para as extremidades. Vai comer muita coisa e provar muita coisa para evoluir. Se não saber a que é que sabe o morango no café, não o vai conseguir detectar.

Não queremos que toda a gente fique a vender café de 90 pontos. Os nossos alunos podem até trabalhar a vender ou preparar café comercial, mas vão sair daqui a perceber o que é um bom café e o que o diferencia, como deve ser torrado e como é que o processo deve ser conduzido.

A nossa metodologia de ensino é muito focada, mas ao mesmo tempo flexível. Procuramos fazer ao máximo trabalho à medida, sem agenda, procurando sempre que haja uma fase de tutoria e acompanhamento em contexto profissional.

Para já, temos tido muitos alunos portugueses e também muitos brasileiros, em alguns cursos mais específicos vamos ter alguns estrangeiros de outras nacionalidades. Estamos muito entusiasmados com um curso que estamos a planear e iremos anunciar brevemente, muito específico e que vai acontecer pela primeira vez em Portugal. Trata-se do curso Q-Graders, que é a primeira vez que vai acontecer em Portugal e vai ser dado pela Luz Stella Artajo Medina, da Argentina. Este curo tem como objectivo formar avaliadores de café de especialidade. – é mais para o público estrangeiro.”

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