“É tão pequena! Nunca pensei poder guardar uma bicicleta no quarto! De outra forma teria que a deixar na sala… era capaz de ser chato para os outros!” Este foi o comentário que o Miguel nos atirou logo no final de um dos primeiros dias a pedalar a Brompton que lhe emprestámos para a nossa experiência “A Brompton Week”.
“It’s so small, I can store it in my bedroom! Otherwise I would have to keep it in our living room. Not quite sure the other guys would enjoy!” This was Miguel’s first comment after one or two days riding a demo bike for our “A Brompton Week” experience.
O Miguel tem vinte e quatro anos e veio de Coimbra para o Porto, que é para ele uma “cidade de carros”. Vive actualmente no coração da cidade, na Rua de Santa Catarina. Ainda estava a estudar na Faculdade de Ciências quando começou a trabalhar no Mafalda’s, aqui no Mercado de Matosinhos. “Tenho que fazer um estágio, mas só propuseram oportunidades não remuneradas e que obrigam a ter que andar de carro todos os dias, por isso decidi esperar e trabalhar noutros projectos”. Quem o vê a trabalhar, sempre com um ar discreto e profissional, não o imagina responsável por uma conta do Instagram com quase 45 mil seguidores, um projecto que o mantém ocupado já há alguns anos. “Quando aceitei vir ajudar a Inês e a Mafalda pensei que iria ter dificuldade em conciliar tudo, com o curso para acabar e as coisas com o Instagram cada vez mais exigentes, mas, acho que quanto mais ocupados estamos, melhor gerimos o tempo. Gostar do trabalho também ajuda, claro. Aqui somos todos muito amigos. Já o éramos antes de trabalharmos juntos, mas soubemos criar uma distância para funcionarmos como colegas, o que é fundamental para haver um bom nível de profissionalismo na equipa. Aos poucos vamos construindo um espírito muito bom”.
Miguel is a 24 years old from Coimbra, that arrived in Porto few years ago to study Science. Actually he’s living in Santa Catarina, probably the most central street in Central Porto. He was still studying when started working at Mafalda’s, a relaxed diner serving healthy meals here at the Matosinhos Fish Market. “I still need to spend some time in an internship, but I only got proposals for unpaid gigs in faraway places. That’s the reason I decided to wait and work in some other projects”. When one sees Miguel working, always looking sharp, but in an understated and very professional manner, probably wouldn’t imagine that he’s running a very successful Instagram project with almost 45k followers, this one here. “When I accepted Inês and Mafalda’s invitation, I thought that it would be difficult to find all the time necessary to keep everything rolling smoothly, with University, the Instagram project and other stuff I’m doing. But I quickly learned that the busiest we are, the better we manage our time. This is true if you love your work so much as I do. Here at Mafalda’s we are all close friends. We were best mates before, but we manage to keep a distance and a healthy level of professionalism in our relationship. Day by day we are building a great team here!”
O Miguel começou a publicar no Instagram há três anos, fundamentalmente para partilhar fotografias das viagens que gosta de fazer. A paixão foi crescendo e as reacções dos seguidores começaram a ser cada vez mais positivas. Foi conhecendo as pessoas do meio e começou a evoluir, a investir em melhor material e cresceu até ao dia em que a sua conta foi recomendada pelo próprio Instagram. Chegou a ter dois mil novos utilizadores por dia e o sucesso levou-o até às páginas da GQ portuguesa.
“É uma conta sobre viagens. Um dia vou viver em Paris, é onde gosto sempre de voltar. As pessoas já começam a associar o meu Instagram à cidade. Algumas marcas começaram também a reconhecer isto e a investir. Quando recebi o primeiro contacto, fiquei admirado – Hei, isto agora é a sério!”. Primeiro um hotel no Porto, depois hotéis em Paris e mais recentemente o turismo dos Açores. “Sou uma pessoa simples e no início achei um bocado estranho ser chamado para isto. Este trabalho não é nada fútil ou superficial, ao contrário do que possa parecer. Há muito investimento de quem está envolvido. Alguém que segue contas como a minha pode ser levado a pensar que esta é, de facto, a vida de um instagramer, mas o que é transmitido aqui é muito mais virtual que real e é bastante trabalhoso criar estas imagens. Para as empresas é um investimento excelente. É uma comunidade muito fiel e focada e os custos são relativamente baixos para o impacto que as campanhas têm. Eu, por exemplo, quando viajo informo-me no Instagram primeiro. O Google só me vai dar as atracções genéricas do turismo de massas, mas na minha rede sei exactamente que recomendações seguir. Em Portugal investe-se pouco, mas, lá por fora, o sucesso de muitas grandes marcas começa em profissionais no Instagram. Claro que sei que tudo acaba por ter um fim e é por isso que muitas pessoas estão agora a criar projectos e presenças fora, noutras plataformas com mais autonomia, onde se possam mostrar às marcas de uma forma mais independente”.
Miguel started publishing on Instagram three years ago. He wanted to show the World some of his travelling memories. He became more and more interested and the positive reaction from his followers was very encouraging. Soon after creating the account, Miguel started meeting and getting along with some people “in the business” and upgraded his photography gear. The account got better and better and one day he was recommended by Instagram itself. The account experienced a boom, growing more than 2k followers a day. GQ Portugal noticed this success and had him on the printed pages of the magazine. It was a sort of a peak, Miguel says. “This is an account about travelling. I know one day I will live in Paris. It’s the place where I like to come back over and over. People already make this connection between the city and my Instagram. Some brands also realized this and started investing. When I first got a contact I was very very surprised – wow! This is getting serious now!” Some hotels in Porto and Paris and even the Azores Tourism board invested in Miguel’s potential. “I’m a simple person and still think all this is a bit odd. But you know, this is not a futile or superficial job and there’s a lot of commitment and investment. Someone following folks like me can think that this is our life and things are exactly as in the pictures, but almost everything on Instagram is more virtual than real and one needs to put a lot of effort in creating all these wonderful images. Instagramers can be a great opportunity to companies willing to invest. This is a very focused and loyal community and promotion costs can be really small considering the results achieved. As an user, Instagram is one of my favourite tools – before traveling I always do my research within the community, avoiding all the mainstream mass market suggestions provided by Google. Portuguese companies are still very conservative and doesn’t consider instagramers the great channel to reach an audience that we actually are. Meanwhile, big global companies are getting amazing results with all these talented professionals. Thinking about the future, well, I know that everything has to have an end. That’s why almost everyone is starting side projects and creating an alternative and more independent presence in other platforms where brands can get to know their work.
A relação do Miguel com a bicicleta está também intimamente ligada às viagens. “Há sítios e sítios para pedalar. Há cidades de carros, como o Porto e Coimbra e há outras onde se notam grandes investimentos tendo em vista todos aqueles que preferem uma forma mais sustentável e saudável de se deslocar. Pedalar em Paris ou Londres é uma experiência completamente diferente da de pedalar no Porto. Aqui é tudo para os carros, já o era quando cheguei e continua a ser agora. Viste aquele anúncio que a Câmara fez com o novo sistema de semáforos? Vai melhorar a circulação dos carros, pelos vistos. E o resto das pessoas não interessam?”
Miguel’s experience with bikes in the city is fundamentally related with travelling. “There are good places to ride a bicycle and there are bad places to ride a bicycle. If in the one hand we have “car cities” like Porto or Coimbra, in the other hand we have cities that try very hard to be more friendly to those willing to commute in a more sustainable and healthy manner. Pedaling in Paris or London is a totally different experience than riding a bicycle in Central Porto. Here everything is about cars. It was this way when I first arrived and nothing has changed meanwhile. Did you hear about this project for the traffic lights? It will work wonderfully for cars. And how will that work for all of us that walk or cycle?
A sua “Brompton Week” foi assim marcada por alguns contrastes. “Confesso que no Porto faz-me confusão o trânsito e as pessoas, mas chego a Matosinhos e é completamente diferente. Mais calmo, mais organizado e muito fácil”. Curiosamente, para o Miguel, o “sweet spot” não está em cidades altamente bicivilizadas. “Amesterdão é mais difícil do que se pensa. As bicicletas circulam misturadas com os peões e com uma ordem e regras próprias que demoram a aprender. Gent, na Bélgica, pelo contrário, é um sítio excelente, onde é muito fácil e prático para os ciclistas. Também gostei de pedalar em Paris e do sistema deles de bicicletas partilhadas, até porque funciona muito bem para quem anda nos transportes públicos. É uma coisa que devia haver por cá. Lá pagamos uns dois euros por dia para pedalar numa cidade mais preparada e aqui um turista paga uma pequena fortuna para pedalar numa cidade que não quer saber de quem anda de bicicleta. Deve ser um excelente negócio, porque a cidade está cheia de turistas de bicicleta. Notei isso com a Brompton. As pessoas de cá olham para mim com indiferença, mas os estrangeiros olham muito para mim e para a bicicleta. As pessoas de cá olham para quem não vai de carro como se não estivéssemos ali. Mas isso vai mudar. É como em tudo. Tal como as marcas portuguesas que ainda apostam nos meios mais ultrapassados se vão acabar por evoluir, também a forma das pessoas se deslocarem vai acabar por se actualizar. Quer dizer, estou para aqui a falar, mas também não sou um grande ciclista. Normalmente ando a pé, que é o melhor para fotografar. Também ando de Metro, mas cá acaba por ser muito limitado, porque as linhas andam todas pelos mesmo sítios da cidade. A bicicleta pode ser uma boa solução.”
Miguel’s Brompton week was one of contrasts. “Okay, I confess. I normally walk, because walking is great for photography. Cycling in Porto can be a stressful experience, with all the traffic and packed streets, but everything is different here in Matosinhos, where things are calmer and more organized.” Maybe a bit surprising, he feels more comfortable riding in not highly infrastructured cities. “I think riding a bike in Amsterdam is much more difficult than one could imagine. Too many bikes riding along the pedestrians and many unwritten rules to attend to. Ghent in Belgium, with a smaller scale, is a completely different thing. I also enjoyed the Paris bike sharing system. It’s very convenient for everyone, specially those using the public transports. We should have a proper bike sharing system here, where a tourist pays a small fortune to ride in a city where nobody cares about bicycles. It must be a good business, though, everywhere you go in the city you find tourists riding bikes. I notice when riding “my” Brompton a bigger openness and curiosity from foreigners. In Portugal you are nobody without a car, but that will change. Everything changes. One day the Portuguese companies will be much more open towards different ways of managing their communication and the way my fellow citizens commute will evolve too.”
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A Brompton Week é uma experiência que estamos a fazer com alguns dos nossos clientes e amigos: passar uma semana com uma dos nossas Brompton de demonstração e depois contar como foi. Coisa simples e agradável.
The Brompton Week is an experience we are making with some of our customers and friends. They are spending a few days with one of these iconic bikes and will tell our readers how it was. Simple, fun and certainly life-changing.
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